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sexta-feira, 29 de março de 2013

Dengue x literatura de Codel = Aprendizagem


Olá caros visitantes!!!


Tendo em vista o surto de dengue no Brasil e em particular a situação preocupante do Estado de Mato Grosso do Sul, a secretaria de educação estadual solicitou a nós professores da rede pública de ensino que trabalhássemos o assunto vinculado a nossa rotina pedagógica.
Sendo assim optei por trabalhar a literatura de cordel, produção popular com pouco espaço dentro do meio escolar e dar vazão ao veio artístico dos alunos por meio da produção textual de poemas que ajudem a denunciar e orientar sobre a Dengue.
Em primeira instância lhes foi esclarecido em aula explicativa o que é, como e onde surgiu o Cordel, bem como sua expansão no Brasil por volta do século XVIII, também foi feita leitura do Poema de cordel "Camisina para todos", de José João dos Santos 
(Mestre Azulão).Em seguida  a sala foi dividida em 8 grupos compatíveis com 8 temas referentes ao assunto dengue.

  Sintomas da Dengue/diagnóstico
Curiosidades mitos e verdades/principais dúvidas


Depois foram levados para STE (sala de tecnologia da educação) para pesquisar os temas que pegaram, mediante sorteio,com objetivo de angariar informações relevantes para a construção de seus poemas de cordel feito conforme a leitura do Texto "Camisinha para todos", ou seja produção textual com intencionalidade de orientar os leitores sobre a Dengue.

Se algum colega tiver interesse na teoria sobre cordel que foi trabalhada sinta-se a vontade de reproduzi-la:


Literatura de Cordel e Literatura Oral 
Literatura de Cordel: folheto ilustrado com xilogravura

O que é e origem 
literatura de cordel é uma espécie de poesia popular que é impressa e divulgada em folhetos ilustrados com o processo de xilogravura. Também são utilizadas desenhos e clichês zincografados. Ganhou este nome, pois, em Portugal, eram expostos ao povo amarrados em cordões, estendidos em pequenas lojas de mercados populares ou até mesmo nas ruas.
Chegada ao Brasil 
A literatura de cordel chegou ao Brasil no século XVIII, através dos portugueses. Aos poucos, foi se tornando cada vez mais popular. Nos dias de hoje, podemos encontrar este tipo de literatura, principalmente na região Nordeste do Brasil. Ainda são vendidos em lonas ou malas estendidas em feiras populares.

De custo baixo, geralmente estes pequenos livros são vendidos pelos próprios autores. Fazem grande sucesso em estados como Pernambuco, Ceará, Alagoas, Paraíba e Bahia. Este sucesso ocorre em função do preço baixo, do tom humorístico de muitos deles e também por retratarem fatos da vida cotidiana da cidade ou da região. Os principais assuntos retratados nos livretos são: festas, política, secas, disputas, brigas, milagres, vida dos
cangaceiros, atos de heroísmo, milagres, morte de personalidades etc.

Em algumas situações, estes poemas são acompanhados de violas e recitados em praças com a presença do público. 
Um dos poetas da literatura de cordel que fez mais sucesso até hoje foi Leandro Gomes de Barros (1865-1918). Acredita-se que ele tenha escrito mais de mil folhetos. Mais recentes, podemos citar os poetas José Alves Sobrinho, Homero do Rego Barros, Patativa do Assaré (Antônio Gonçalves da Silva), Téo Azevedo. Zé Melancia, Zé Vicente, José Pacheco da Rosa, Gonçalo Ferreira da Silva, Chico Traíra, João de Cristo Rei e Ignácio da Catingueira.

Vários escritores nordestinos foram influenciados pela literatura de cordel. Dentre eles podemos citar: João Cabral de Melo, Ariano Suassuna, 
José Lins do Rego e Guimarães Rosa.
Poética do cordel:
- Quadra: estrofe de quatro versos.
- Sextilha: estrofe de seis versos.
- Septilha: é a mais rara, pois é composta por sete versos.
- Oitava: estrofe de oito versos.
- Quadrão: os três primeiros versos rimam entre si; o quarto com o oitavo, e o quinto, o sexto e o sétimo também entre si.
- Décima: estrofe de dez versos.
- Martelo: estrofes formadas por decassílabos (comuns em desafios e versos heróicos).

Literatura Oral 
Faz parte da literatura oral os mitos, lendas, contos e provérbios que são transmitidos oralmente de geração para geração. Geralmente, não se conhece os autores reais deste tipo de literatura e, acredita-se, que muitas destas estórias são modificadas com o passar do tempo. Muitas vezes, encontramos o mesmo conto ou lenda com características diferentes em regiões diferentes do Brasil.
A literatura oral é considerada uma importante fonte de memória popular e revela o imaginário do tempo e espaço onde foi criada.Muitos historiadores e antropólogos estudam este tipo de literatura com o objetivo de buscarem informações preciosas sobre a cultura e a história de uma época. Em meio a ficção, resgata-se dados sobre vestimentas, crenças, comportamentos, objetos, linguagem, arquitetura etc.
Podemos considerar como sendo literatura oral os cantos, encenações e textos populares que são representados nos 
folguedos.
Exemplos de mitos, lendas e folclore brasileiro: 
saci-pererêcurupiraboto cor de rosa, caipora, Iara, boitatá,
lobisomem, mula-sem-cabeça, 
negrinho do pastoreio.

Exemplo:

Camisinhas para todos
José João dos Santos 
(Mestre Azulão)

AIDS é uma moléstia
De temeridade imensa
Você vê televisão?
Ouve rádio, lê imprensa?
Não fique aí de joelhos
Tome logo meus conselhos
Para evitar a doença

AIDS não pega no beijo
Nem num aperto de mão
É transmitida no sangue
Através da transfusão
Ou na extração de dente


Se usar de um doente
A agulha da injeção

Criança também tem AIDS
Transmitida pelos pais
Vítimas duma transfusão
Ou farras e bacanais
Mata, avião, trem e carro
Apesar que o cigarro
Está matando muito mais

Você tem uma mulher
Formosa igualmente Lua
Porém não se satisfaz
Ainda quer mulher da rua
Ou transa com a vizinha
Use uma camisinha
Pra não transmitir pra sua

Amantes e namorados
Ouçam bem o que lhes digo
Podem beijar, abraçar,
Chupar da cara ao umbigo
Seja fêmea, seja macho
Só do umbigo pra baixo
É que começa o perigo

Até mesmo os astronautas
Que conheceram grande parte
do Cosmo, em viagem a lua
Mostrando façanha e arte
Viram planetas pequenos,
Usam camisa de Vênus
Antes de chegarem à Marte

Um fazendeiro baiano
Que mora em Alagoinhas
Quando leu pelos jornais
Comprou dez mil camisinhas
Até pra bois e cavalos
Principalmente pros galos
Que transam com mil galinhas

Esse também tem um jegue
Reprodutor violento
E está preocupado
Com a vida do jumento
Vai fazer o jegue usar
Camisa, pra não pegar
AIDS a qualquer momento

Uma garota me disse
Porém me pediu um segredo
Que apesar de donzela
Da AIDS tem muito medo
Vai comprar a camisinha
Pra quando ficar sozinha
Usar na ponta do dedo

Se não criarem uma droga
Que salva a humanidade
A AIDS vai provocar
Uma grande mortandade
Pior que a segunda guerra
De todos os povos da terra
Vai morrer mais da metade

Quando aproximar-se o fim
Diz a sagrada escritura
Vem a desobediência
Guerra, nudez e loucura
O povo em Deus perde a crença
E aparecerá a doença
Que a medicina não cura

O povo está corrompido
No tóxico, sexo, no vício
Ódio, maldade e ganância
Gerando guerra e suplício
O mundo está num vulcão
Com toda população
Na beira do precipício

Satanás plantou no mundo
Sua semente do mal
Inventando toda espécie
de vício sexual
Vem aí por recompensa
Desconhecida doença
Pra destruição total

Não adianta conselho
De pastor, Papo de Roma
Essa geração perdida
Ouve o conselho e não toma
Essa gente corrompida
Vai ser toda destruída
Como o povo de Sodoma

Somente imoralidade
Toma corpo e continua
Mulher de bunda de fora
Na televisão, na rua,
Não existe mais pudor
Pra esses só tem valor
Pederasta e mulher nua

Os nossos filhos não podem
Assistir televisão
Porque em todos canais
Só tem esculhambação
Casal nu e cena louca
Chupando a língua e a boca
Ensinando a perdição

A televisão foi feita
Pra nos mostrar coisa pura
Ensinar aos nossos filhos
Patriotismo e cultura
Porém da roça e a cidade
Só mostra imoralidade
Livre de toda censura

Devassidão, crime e roubo
Televisão tudo tem
Trazidas pelas imagens
Que pros nosso lares vêm
Violência em todo estilo
A criança vê aquilo
Depois vai fazer também

Ensina moça andar nua
Mulher trair o marido
Garota aprender o sexo
Garoto virar bandido
Nessa transação imensa
De crime, tóxico e doença
Deixou o mundo perdido

Deus lá de cima está vendo
Na terra tanta maldade
Permite que aconteça
Uma grande mortandade
Pra esse povo perdido
Devassado e corrompido
Se acabar mais da metade

Está aí o exemplo
Da AIDS com seu efeito
Se espalhando no mundo
Matando a torto e a direito
Diz o rádio e a imprensa
Que essa infernal doença
Não há médico que dê jeito

Os maiores cientistas
Estão tentando descobrir
Um remédio para a AIDS
Parar ou diminuir
Mil esforços estão fazendo
E cada estão vendo
A doença progredir

Testes com milhões de plantas
Fazem nos laboratórios
Sangue e peles de animais
Mas são testes provisórios
Depois de analisados
Não acharam resultados
De cunhos satisfatórios

Estão firmes no propósito
De descobrir num segundo
Uma droga positiva
Que tenha efeito profundo
Enquanto não acontece
A AIDS se estende e cresce
Por toda parte do mundo

E o número de doentes
Todo o dia está crescendo
Uns andando pela rua
Uns em coma, outros morrendo
Por aí tem muita gente
Que está em casa doente
De AIDS e nem está sabendo

Quem é rico gasta muito
Pra mais uns dias viver
Tomando remédios caros
Mas o pobre sem poder
Fica gemendo e chorando
Lá numa cama esperando
Só a hora de morrer

Se descobrirem um remédio
Que cure com resultado
Quem compra é capitalista
Milionário e potentado
Só cura o doente nobre
E o miserável do pobre
Tem é que morrer lascado

É como diz a piada
Do humorista jocoso
Na terra vale quem tem
Por ser rico e poderoso
E diz quando se sacode
Rico vive porque pode
Pobre vive de teimoso

Já dei minha opinião
Ao leitor que me entender
Zombar de ninguém não quero
Uma coisa eu quis dizer
Lembre meu leitor amado
Aquele velho ditado
O pobre vem pra sofrer 

Dados bibliográficos 
Disponível em:
http://www.suapesquisa.com/cordel/
Acesso em:02/02/2013

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